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Maria Lamas

Nascida a 6 de outubro de 1893, em Torres Novas, Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas foi jornalista, escritora, pedagoga, investigadora, tradutora, fotógrafa e ativista política e das causas das mulheres.

Filha de um pai republicano e de uma mãe católica convicta, foi a mais velha de quatro irmãos.

Casou-se, pela primeira vez, com apenas 17 anos com Teófilo Ribeiro da Fonseca. Teve a sua primeira filha em Luanda, depois de acompanhar o marido, que tinha sido enviado em missão para Angola, mas cerca de dois anos depois regressou a Portugal, novamente grávida e determinada em conseguir divorciar-se e auferir a tutela das suas filhas.

Pouco depois da oficialização do divórcio, em 1920, começou a trabalhar na Agência Americana de Notícias, onde conheceu Alfredo da Cunha Lamas, com quem casou em abril de 1921, e teve a sua terceira filha. Foi das primeiras mulheres portuguesas a ser jornalista de profissão. Escreveu para jornais como O Século, A Capital e O Diário de Lisboa, tendo ainda escrito livros de poemas, romances, crónicas, e traduzido uma série de textos nos anos subsequentes.

Em 1928 começou a dirigir o suplemento Modas & Bordados do jornal O Século. A revista foi a sua plataforma para sublinhar a importância da educação e da emancipação financeira das mulheres. Associou-se ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, e inscreveu-se na Associação Feminina para a Paz. Divorciou-se novamente em 1936, mantendo, contudo, o apelido Lamas. Apoiou o MUD, nas eleições de 1945, e o general Norton de Matos em 1949. Também nesta altura tornou-se presidente da Direção do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, tendo, alguns meses após a sua eleição, sido obrigada a abdicar da Modas & Bordados para poder continuar neste cargo.

Depois de se demitir, Maria Lamas deu início a uma das suas mais emblemáticas obras literárias, As Mulheres do Meu País, que reuniu fotografias comentadas de mulheres do povo, que evidenciavam as suas condições de vida. Esta obra espelha o rosto das mulheres da aldeia, retratando a forma como as mesmas resistiam à ditadura no seu dia a dia.

 Foi perseguida pela PIDE em diversas ocasiões, tendo sido presa três vezes. Em 1962 viajou para Paris, como exilada política. Aqui defendeu a paz internacional e denunciou o regime ditatorial português. Regressou a Portugal em 1969, já com 76 anos.

Foi homenageada em múltiplas ocasiões, já depois do 25 de Abril de 1974, tendo-se tornado presidente honorária do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), e filiando-se oficialmente no Partido Comunista Português, pouco tempo após a revolução.  

Morreu em Lisboa, em 1983, depois de uma longa vida dedicada à intervenção humanista e política, com foco na luta pelos direitos de todas as mulheres. Deu voz às mais diversas mulheres nos mais diversos contextos, constituindo a sua escrita provocadora um exemplo a seguir de uma participação sem medo, de um inconformismo paradigmático, de uma luta diária contra o fascismo, e de uma entrega perpétua à causa feminina.

Bibliografia:

MARIA LAMAS (1893-1983) - UMA PARTICIPANTE NA HISTÓRIA DA MENTALIDADE FEMININA, Maria Luzia Fouto Prates

Webgrafia:

https://arquivos.rtp.pt/colecoes/maria-lamas/

https://www.museudoaljube.pt/2024/07/18/maria-lamas-3/

https://www.mdm.org.pt/maria-lamas-uma-mulher-nosso-tempo-nasceu-ha-125-anos/

https://gulbenkian.pt/agenda/exposicao-as-mulheres-de-maria-lamas/

https://expresso.pt/podcasts/retratos-de-abril/2024-04-11-maria-lamas-uma-mulher-do-meu-pais-que-lutou-pelo-direito-das-mulheres-durante-o-estado-novo-b00954bc

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