Jane Austen
Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, em Steventon, Hampshire, Inglaterra. Sendo a sétima filha do reverendo George Austen, o padre anglicano local, e da sua esposa Cassandra. A família era formada por oito irmãos, sendo Jane e a sua irmã mais velha, também chamada Cassandra, as únicas mulheres. Cassandra e Jane eram confidentes, e hoje conhecem-se uma série de cartas de correspondência entre elas.
Sabe-se que o reverendo Austen tinha uma ampla biblioteca e, segundo ela conta nas suas cartas, tanto ela quanto a sua família eram "ávidos leitores de romances, e não se envergonhavam disso". Assim como lia romances de Fielding e de Richardson, lia também Frances Burney. O título de “Orgulho e Preconceito”, por exemplo, foi retirado de uma frase dessa autora, no romance “Cecília”.
Após 1787, Jane escreveu, para o divertimento da sua família, “Juvenilia”, que inclui diversas paródias da literatura da época. Entre 1795 e 1799 começou a redigir as primeiras versões dos romances que se publicariam sob os nomes “Sense and Sensibility”, “Pride and Prejudice” e “Northanger Abbey”. Provavelmente, também escreveu “Lady Susan” nesta época. Em 1797, o seu pai quis publicar o livro “Orgulho e Preconceito”, mas o editor recusou.
Nem Jane, nem Cassandra Austen não se casaram.
A residência da família Austen em Chawton, onde Jane passou os últimos oito anos de sua vida, hoje é um museu.
Em 1809, Jane retomou as suas atividades literárias fazendo algumas alterações ao livro “Sense and Sensibility”, que foi aceite por um editor em 1810 ou 1811, apesar de a autora ter de assumir os riscos da publicação. Foi publicado de forma anónima, em outubro, com o pseudónimo: "By a Lady". Teve algumas críticas favoráveis, e sabe-se que os lucros para Austen foram de 140 libras esterlinas.
Com a leitura da biografia de Jane Austen, conseguimos perceber nela traços feministas. A coragem para desafiar o socialmente aceite nessa altura, nomeadamente o facto de escrever livros, sendo que a publicação dos mesmos lhe era de certa forma proibido, não foi um desincentivo para ela. Também temos de reconhecer que teve alguma sorte, uma vez que ela fazia parte de uma família religiosa, onde se espera algum tradicionalismo, mas teve um ambiente familiar que lhe permitiu desenvolver a sua escrita. Decidiu, mesmo com as proibições e estigmas sociais, publicar o seu livro, ainda que sob um pseudónimo (esse sendo também polémico!), mesmo que o risco recaísse sobre ela.
Outra questão relevante que nos permite ver o feminismo presente em Jane Austen, são as características de algumas personagens nos seus livros. No livro que tive oportunidade de ler, “Northanger Abbey”, as personagens femininas e nomeadamente a personagem feminina principal, apesar da época histórica e daquilo que era socialmente expectável dela, tinha coragem de desafiar aquilo que lhe era imposto, nomeadamente ir em passeios com o homem de quem gostava mesmo que os pais não lho permitissem facilmente, tinha a coragem de conversar e desmistificar o porquê de não lhe ser permitido ir sem a companhia do seu irmão, foi visitar amigos e familiares em lugares longe de casa em busca de novas experiências, e revelava ser uma mulher inteligente, aventureira, não recatada e não conformada com aquilo que lhe era destinado nesses tempos.
O facto de ela e a irmã nunca terem casado também poderá suscitar alguma curiosidade, e algumas pessoas pensarão que poderá estar relacionado com o feminismo. O que se sabe é que ambas tinham tido vários pretendentes, mas Jane Austen não gostou dos mesmos, pelo que não houve casamento. Relativamente à sua irmã, sabe-se que o pretendente pelo qual ela sentiu interesse, acabou por falecer antes de o casamento se realizar. Considerando mais uma vez a época histórica, temos de reconhecer a coragem e o valor próprio que Jane deveria sentir de si mesma, o que é ótimo, uma vez que muitas mulheres nessa época só se sentiam completas e socialmente bem aceites após o casamento. O facto de ela não aceitar pretendentes que não lhe agradavam, permite-nos perceber que ela preferia estar sozinha do que com alguém de quem não gostava, e com isto temos de lhe reconhecer mérito a ela e à sua família novamente, por lhe darem a possibilidade de escolher com quem estar.